Ao Mestre com carinho.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Lágrimas Ocultas - Florbela Espanca
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida...
Parece-me que foi em uma outra vida.
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas,
E cai num abandono de esquecida!
E fico pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago,
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
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